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Ruth Aquino - tirando a máscara

Sobre o segredo de "Justiça" sabotar a democracia nenhuma palavrinha, por que será?...
Respondo:
Porque o segredo de "Justiça" beneficia os Verdadeiros Poderosos do Brasil. Desafio os jorna-listas da grande mídia divulgar os nomes das grandes empresas que respondem processos sob segredo de "Justiça".
Sabemos da sonegação da Globo, Natura e Itaú por causa de "blogueiro sujo" divulgou. Portanto o texto abaixo é mutio bom mas capenga. 
A máscara é um disfarce. O capuz de Caio e o voto secreto do Congresso serviam para esconder o nome e o rosto de quem sabotava a democracia. Nem Caio nem os deputados queriam assumir seus atos diante da sociedade e da opinião pública. Tudo faziam para não se expor.
É natural que se tente disfarçar a autoria de um crime contra a vida ou um delito de consciência. No escurinho da máscara, na proteção do anonimato, seja aliciado, recrutado, manipulado ou favorecido, fica mais fácil explodir os valores, as crenças, os ideais e até a vida de um cinegrafista, de um manifestante, de um policial. Ou boicotar o futuro político de uma nação.

Agem todos como assaltantes da esperança num país melhor. Uns ganham R$ 150, quentinhas e vale-transporte, outros ganham milhões de dólares e a gratidão de poderosos. Até que a prisão de mensaleiros e a morte de Santiago acendem um rojão vermelho na cabeça de todos os brasileiros.

No velório de Santiago, as camisetas dos jornalistas traziam nas costas a inscrição: “Poderia ter sido qualquer um de nós”. É verdade. Vamos parar com o ciclo da violência e da ignorância acobertadas e financiadas por quem quer ver o circo pegar fogo. Chega de black blocs e white blocs mascarados! Chega de mártires como Amarildo e Santiago! E chega de corrupção premiada!

por Ruth de Aquino

[...] sobre ídolos e seguidores


RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
A idolatria explícita, a um astro pop que morre e a um astro pop que nasce, me deixou aturdida na semana passada. Eu sei. Há um oceano imensurável entre o americano Steve Jobs e o canadense Justin Bieber. Além dos quase 40 anos que os separam, suas áreas de atuação não poderiam ser mais diferentes. Estamos falando de um showman e de um showboy, com um carisma que vai muito além do sucesso profissional. Vi um grau de comoção bem semelhante entre os seguidores de um e de outro no Brasil nos últimos dias. Uma comoção diante de espetáculos antagônicos, a vida e a morte. 
Talvez eu compreenda mais as velas virtuais e o choro de quem perdeu o guru da Apple do que os desmaios, histerias e convulsões diante de um menino de óculos escuros que ainda deve comer maçã com cereal e leite no café da manhã. Mas isso se explica facilmente por minha idade, a mesma de Jobs. O fenômeno Bieber é algo que passa muito ao largo de minha história e de meu gosto musical. Se eu tivesse uma filha, quem sabe olharia com mais simpatia as moças que, diante do rapaz bonitinho e com voz afinada que imita os passos de Michael Jackson, gaguejam, deliram, brigam, se empurram, se espremem contra a grade, pulam a grade, passam mal.
Porém, mesmo que todas as minhas atuais ferramentas de contato com o mundo tenham sido idealizadas por Jobs, não consigo derramar lágrimas reais pelo desaparecimento do CEO. Sua principal função na vida era maximizar o lucro e valorizar sua empresa na Bolsa – o que fez com uma competência sobre-humana. Lamento muito sua morte precoce. Sou grata, no meu cotidiano, ao gênio inventivo de Jobs. Admiro sua perseverança, seu entusiasmo diante de suas criações, seu charme e estilo, sua capacidade de trabalhar até o fim, vivendo o câncer em público. Era um vencedor, uma águia inspiradora. Daí a transformá-lo em Deus... Jobs nunca seria meu guru.
Como todos nós, Jobs tinha limitações. Uma de suas limitações é mais comum do que se imagina no mundo moderno das grandes empresas. Assim como o fundador da Apple, há chefes que vão à Índia, tornam-se zen-budistas e, de volta à vida real e ao contato com seres de carne e osso, humilham os que nunca serão brilhantes. Porque se sentem, eles mesmos, iluminados.
Vi um grau de comoção semelhante entre os seguidores de um e de outro nos últimos dias. Da idolatria, estou fora 
Não sou referência para falar sobre os seguidores porque nunca tive guru – político, cultural ou religioso. O mais perto que cheguei da idolatria foi assistir a Help, dos Beatles, cinco vezes seguidas no cinema. O filme, de 1965, era para dançar, e dançávamos no escurinho do cinema. Mas eu não gritava nem me descabelava. Não sonhava com Paul nem John. Por vezes, imagino a sensação de catarse numa multidão em transe. Mas fico cansada logo.
Nunca passei nem passarei pela experiência de ficar acampada por dias numa fila para ver alguém cantando num telão e disputar hambúrguer ou banheiro. Quando testemunho, pela televisão, o descontrole das tietes de Bieber, me pergunto como deve ser amar um ídolo carnal de maneira mística. Talvez eu tenha perdido algo, mas não percebi.
Tanto Jobs quanto Bieber sofreram adversidades na vida. Jobs foi dado para adoção, só completou seis meses de universidade, dormia no chão no quarto de amigos para poder assistir a aulas como ouvinte, recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos e comprar comida, andava 11 quilômetros para ter uma boa refeição no templo hare krishna. Bieber era pobre, os pais se separaram quando tinha 1 ano, sua mãe dava duro para sustentá-lo, ele dormia num sofá azul na sala, havia ratos e ele chegou a viver de doações de uma igreja, que fez uma festa beneficente para lhe dar uma bateria.
Quem não se comove com histórias de superação como essas? A fortuna de Jobs foi calculada em US$ 8,3 bilhões. A do adolescente Bieber, em US$ 150 milhões. O cantor vendeu, em dois anos, 9 milhões de discos. O fundador da Apple vendeu 100 milhões de iPhones em quatro anos e meio. Dois mágicos hipnotizadores de multidões, vendendo fantasias no palco em escala global. É preciso reconhecer o talento e o carisma de ambos. Mas, da idolatria, eu estou fora. 


Quem yem medo de Marina?


Os olhos de Marina Silva falaram muito na semana passada. Sombrios, avermelhados, estavam ora cabisbaixos, ora elevados ao céu em conversa particular com seus santos. Nenhuma maquiagem. Acima dos olhos, as sobrancelhas espessas, sem depilação. Abaixo dos olhos, as olheiras escuras, sem disfarce.

O coque, a echarpe preta, a austeridade, sem choro ou afobações. Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, nascida no Acre em fevereiro de 1958, filha de seringueiros migrantes cearenses, contaminada por mercúrio aos 6 anos, analfabeta até os 16, aluna do Mobral, ex-empregada doméstica, formada em história, sobrevivente de malárias, hepatites e uma leishmaniose, continua a mesma. É evangélica, sempre se despede com um “vá com Deus”, mas não busca abertamente o voto dos crentes. Essa coerência assusta a quase todos. Não é normal no Brasil.

A clacinha branca de Gleise Hoffman


República do salto alto, da saia justa, do gineceu. Bobagem! Homem ou mulher, quem comanda precisa é ser competente e honesto
RUTH DE AQUINO
Época
RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA
raquino@edglobo.com.br
O foco malicioso na calcinha branca de Gleisi foi o clímax de uma semana de besteirol político. O frenesi pró e contra as mulheres no poder empobreceu o debate de ideias do regoverno Dilma. Nunca li tanta bobagem sobre a decisão de um(a) presidente. República da Luluzinha. Do salto alto. Da saia justa. No Planalto do gineceu, agora, só se contrata quem usa saia. Dilma voltou a usar terninho. Gleisi é normalista com nariz arrebitado. Ideli gosta de cantar e ama sargento triatleta 12 anos mais novo. São duras, mas são mães.

Elas gostam de mandar (é mesmo?). São tratores (é ruim?). Briguentas mas doces. E por aí vai. Gastou-se o verbo para analisar algo que não é substantivo. Não tem a menor importância se quem comanda é homem ou mulher. Precisa ser competente e honesto. Duas qualidades raras em Brasília. Qualquer que seja o sexo.

Uma jornalista escreveu que, “como mulher”, se orgulha de ver três mulheres no poder – mas desconfia que não vai dar certo porque nenhuma delas tem experiência. Elas não passam de “umas coadjuvantes”. Normal, não? Nos jornais diários e nas empresas, mulheres costumam ser coadjuvantes.

Os homens fizeram gozações de botequim sobre o triunvirato feminino. E pontificaram: o matriarcado é alto risco. Como se o patriarcado tivesse resolvido nossas mazelas de corrupção e falta de compromisso com o bem público e o futuro do país.

Abomino cotas sexuais ou raciais. Não acredito que Dilma tenha chamado Gleisi e Ideli por serem mulheres. Lula não chamou Zé Dirceu, Gushiken e Palocci por serem homens. Foram atrás de confiança. Torpedeada, Dilma nomeou fiéis escudeiras. Lula também, mas precisou se livrar dos amigões do peito. Dilma, antes mesmo de assumir, abriu mão de Erenice. Todos os companheiros foram derrubados por acusações de desvio de verba pública e abuso de poder.

Não consigo engolir Ideli. Exatamente por representar a política de sempre no Brasil, o fisiologismo que é coisa nossa no Congresso. Não confio em Ideli por ter defendido Renan Calheiros e Sarney. Por prometer cargos e fundos para aplacar a oposição (o PT e o PMDB). O fato de ser vaidosa não influencia em nada meu julgamento. É mau sinal que a própria Ideli, acusada de arrogante, caia na esparrela de prometer “uma operação limpa prateleira, coisa de mulher” e afirmar que nenhuma das três perderá “o lado mãezona”. Vamos trabalhar, minha gente varonil.
Não tem importância se quem comanda é homem ou mulher – precisa é ser competente e honesto
Há uns 15 anos, uma juíza rigorosa e irônica, minha amiga, comentou que só poderíamos comemorar a igualdade entre os sexos “quando as mulheres incompetentes também fossem promovidas, e não apenas as mulheres três vezes mais competentes”. Espero que não seja o caso porque torço pelo Brasil, pelas reformas, pela estabilidade. E acho um nojo essas disputas palacianas que visam apenas ao bem-estar dos políticos. Não passam de chantagens. Ideli já foi avisada. Se os pedidos de grana não forem atendidos, o governo vai sofrer novas derrotas em votações no Congresso. É o bolso, e não a consciência, que está em jogo.
Criticar as três por não serem políticas profissionais demonstra certa condescendência com o estado de coisas. Estamos todos satisfeitos com o exercício convencional da política em Brasília? O toma lá dá cá. As conspirações, os desmandos e as infidelidades partidárias. A República das gravatas listradas ou vermelhas. Dos mocassins. Dos ternos apertados nas barrigas estufadas. Do suor. Dos cabelos precocemente acajus. Das amantes e filhos bastardos. Dos casados com moças que poderiam ser suas netas. Mas, pensando bem, seria ridículo criticar o vice-presidente e os congressistas apenas por serem homens.
Me cansa esse discurso viciado de que a presidente e as ministras, “apesar de mulheres, têm fogo nas ventas”. É clichê demais. Não me orgulho porque temos três mulheres no poder. Minha torcida é pelo Brasil. Nomear uma ministra só por ser mulher é muita tolice. Menosprezá-la só por ser mulher é mais tolice ainda. É fraqueza. Não faz jus a machos e fêmeas minimamente inteligentes.

Chantagear a presidente e impedir votações importantes não ajuda nem o Senado nem o país

Algo me diz que, se Renan Calheiros, Romero Jucá e Blairo Maggi estão possessos com Dilma, a presidente está certa. Não reconheço em nenhum dos três senadores acima condições morais para exigir cargos de liderança ou ministérios.

Se os parlamentares, em vez de se esconder em Brasília, quisessem escutar a voz do povo, que paga seus salários e privilégios absurdos em troca de nada, saberiam que Dilma está bem melhor no filme do que eles. Chantagear a presidente e impedir votações importantes no Congresso não ajuda os senadores. A base real, o eleitorado, enxerga o Congresso como venal e fisiologista, atuando em benefício próprio e contra o interesse público.
Vou me abster de enfileirar aqui escândalos de que Calheiros, Jucá e Maggi foram acusados, que envolvem superfaturamento, desvio de dinheiro, abuso de poder, fraudes, compra de votos, uso de laranjas e doleiros. Uma página não seria suficiente. Mas estão todos aí, vivinhos da silva, pintados de guerra e bravatas, graças ao toma lá dá cá tropicalista.
Estão aí também porque, à maneira do ex-presidente Lula, são camaleões, mudam convicções e ideias – se é que as têm – ao sabor de quem manda. Pode ser PT, PMDB, PSDB, não importa. Jucá foi presidente da Funai no governo Sarney em 1986. Aprendeu a se fazer cacique e atravessou governos incólume.
O que importa para os políticos “com traquejo” é manter a boquinha. E se tornar eterno. O presidente vitalício do Senado, José Sarney, uma vez mandou carta a esta coluna reclamando do adjetivo “vitalício”. Achou injusto.
O que importa para o Senado é aumentar de 25 para 55 o número de cargos comissionados por parlamentar. O gasto anual subiu 157%, de R$ 7,4 milhões para R$ 19 milhões, se contarmos apenas o vale-refeição. Os “comissionados” são servidores contratados com nosso dinheiro, sem concurso público, pelos senadores. O guia do parlamentar diz que cada gabinete pode contratar 12 servidores. A Fundação Getulio Vargas, em estudo de 2009, definia como teto 25 funcionários de confiança por senador. Por causa de uma “brecha” (chamo isso de outra coisa), esses 25 se tornaram 55. Quantos fantasmas, alguém arrisca uma estimativa dos que nem aparecem para trabalhar? Muitos senadores liberaram seus fantasmas da exigência de ponto. São coerentes nisso. Como exigir ponto de invisíveis?
O campeão dos comissionados é Ivo Cassol, do PP de Rondônia, que contratou 67. Repetindo: Rondônia. Mas nosso inesquecível Fernando Collor, do PTB de Alagoas, não faz feio no ranking: tem 54 pajens. Collor “aconselhou” Dilma a não peitar o Congresso, porque ele teria sofrido impeachment por ser impetuoso demais. Falta memória ou desconfiômetro? É por essas e outras que os programas de humor na televisão têm reforçado suas equipes no Congresso. A OAB diz que os fantasmas são imorais – até o Facebook está pensando em censurá-los. Estão pelados, pelados, nus com a mão no bolso.
E daí? Alguém vai fazer algo ou a pauta do Congresso, fora da “zona de conforto”, é a queda de braço com Dilma e o boicote a temas reais?
Chantagear a presidente
e impedir votações importantes não ajudam nem o Senado
nem o país 
Que injustiça, não vamos generalizar. Existe um tema real, candente, tão importante que une todos os partidos. Da base aliada, da base oposicionista, da base mascarada. Não é o Código Florestal. Dezoito partidos pediram ao Tribunal Superior Eleitoral que libere os candidatos com “conta suja”. Políticos com gastos de campanha reprovados deveriam disputar eleição, como sempre foi. Por que mudar a regra?
Dá para entender o rebuliço. Só em três Estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, as contas de 1.756 políticos foram reprovadas, e eles não poderiam concorrer. No país inteiro, é um blocão de sujos, e cada vez aumenta mais. Resista, TSE.
Dilma enfrentou das viúvas do Lula nos últimos dias uma saraivada de críticas a seu estilo. Foi comparada ao lutador Anderson Silva, do vale-tudo. Cientistas políticos dizem que ela mexeu numa casa de marimbondos. Devem ter se referido aos marimbondos de fogo. É ruim isso? Ela não teria traquejo, nem gosto para a política, uma presidente isolada, sem amigos. Que amigos? Os que compõem dinastias, oligarquias e são donos de capitanias hereditárias? Quando Lula distribuía afagos e benesses, era acusado de lotear o Estado. Agora, Dilma é acusada de intempestiva, virulenta e de colocar um turrão e um durão no Senado e na Câmara.
A frase da semana é do presidente do PR e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, deposto por suspeitas de irregularidades em julho do ano passado. Ele saiu em defesa da bancada vira-casaca do PR. Ameaçou o governo: “Acabou, chega! Ninguém aqui é moleque”. É. Pode ser. Afinal, os senadores se tratam por Vossa Excelência. Os moleques devemos ser nós, os 190 milhões que vêm sendo tratados como trouxas.

Maconha: hora de legalizar?


RUTH DE AQUINO. COM MARTHA MENDONÇA, NELITO FERNANDES, WÁLTER NUNES E RAFAEL PEREIRA

Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, de 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos. Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.

Na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, reunida na semana passada no Rio de Janeiro, ninguém exalta as virtudes da erva, a não ser suas propriedades terapêuticas para uso medicinal. Os danos à saúde são reconhecidos. As conclusões da comissão seguem a lógica fria dos números e do mercado. Gastam-se bilhões de dólares por ano, mata-se, prende-se, mas o tráfico se sofistica, cria poderes paralelos e se infiltra na polícia e na política. O consumo aumenta em todas as classes sociais. Desde 1998, quando a ONU levantou sua bandeira de “um mundo livre de drogas” – hoje considerada ingenuidade ou equívoco –, mais que triplicou o consumo de maconha e cocaína na América Latina.

Em março, uma reunião ministerial na Áustria discutirá a política de combate às drogas na última década. Espera-se que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, modifique a posição conservadora histórica dos Estados Unidos. A questão racial pode influir, já que, na população carcerária americana, há seis vezes mais negros que brancos. Os EUA gastam US$ 35 bilhões por ano na repressão e, em pouco mais de 30 anos, o número de presos por envolvimento com drogas decuplicou: de 50 mil, passou a meio milhão. A cada quatro prisões no país, uma tem relação com drogas. No site da Casa Branca, Obama se dispõe a apoiar a distribuição gratuita de seringas para proteger os viciados de contaminação por aids. Alguns países já adotam essa política de “redução de danos”, mas, para os EUA, o cumprimento dessa promessa da campanha eleitoral representa uma mudança significativa.

A Colômbia, sede de cartéis do narcotráfico, foi nos últimos anos um laboratório da política de repressão. O ex-presidente Gaviria afirmou, no Rio, que seu país fez de tudo, tentou tudo, até violou direitos humanos na busca de acabar com o tráfico. Mesmo com a extradição ou o extermínio de poderosos chefões, mesmo com o investimento de US$ 6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área de cultivo de coca na região andina permanece com 200 mil hectares. “Não houve efeito no tráfico para os EUA”, diz Gaviria.

Há 200 milhões de usuários regulares de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha. A erva é antiga – seus registros na China datam de 2723 a.C. –, mas apenas em 1960 a ONU recomendou sua proibição em todo o mundo. O mercado global de drogas ilegais é estimado em US$ 322 bilhões. Está nas mãos de cartéis ou de quadrilhas de bandidos. Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos. O comércio é regulado e controla-se a qualidade. Crescem entre estudiosos duas convicções. Primeira: fracassou a política de proibição e repressão policial às drogas. Segunda: somente a autorregulação, com base em prevenção e campanhas de saúde pública, pode reduzir o consumo de substâncias que alteram a consciência. Liderada pelos ex-presidentes, a comissão defende a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países. “Temos de começar por algum lugar”, diz FHC. “A maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo, é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas, como a cocaína, nessa proposta”.

Epoca

Massacre em Realengo

[...] carta de uma ex-professora da escola

Cara Ruth [de Aquino, chefe da sucursal da revista ÉPOCA no Rio):
Escrevo a você num desabafo. Sou professora de Língua Portuguesa e, em 1995, fiquei cedida, durante quase um ano, à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.
Há um nó em minha garganta e, desde que soube do ocorrido, tenho me emocionado inúmeras vezes.
É muito difícil organizar as ideias no pensamento quando essas não fazem sentido…
A fragilidade de nossas escolas tem proporcionado cenas lamentáveis diariamente.
É claro que a tragédia da semana passada não pode servir como parâmetro de comparação, mas vemos, no dia a dia, cenas de violência com as quais temos de lidar, ainda que sem preparo, e a mídia sequer fica sabendo.
São alunos que se agridem física e verbalmente, muitas vezes, por motivos extremamente banais; alunos que desacatam professores e funcionários com palavras de baixo calão; pais e responsáveis que entram nas escolas e agridem professores que, supostamente, teriam causado algum “problema” aos seus filhos…
Não queremos uma escola que se assemelhe a uma penitenciária, com detectores de metais e policiais armados à porta. Mas precisamos de um elemento que exerça algum tipo de autoridade e que nos ajude a lidar com essas ocorrências. Penso que, se houvesse um guarda municipal, que não porta armas letais, durante o expediente, nossos problemas com indisciplina e atos violentos entre os alunos seriam reduzidos.
Na escola onde trabalho hoje, um ex-aluno, de 16 anos, entrou no ano passado com uma garrafa de cachaça escondida e a bebeu juntamente com uma aluna de 13 anos. A menina passou muito mal no banheiro e, quando foi encontrada, estava quase em coma alcoólico. A família foi chamada, mas os pais não vieram buscá-la. Somente um tio tomou essa iniciativa…
Nossa escola é um prédio de 4 andares, tem um grande pátio coberto, duas quadras de esporte e um quintal enorme. Temos somente UMA pessoa trabalhando como inspetora, portadora de deficiência física, que se locomove com dificuldades.
Há alguns anos, a direção mandou instalar câmeras de segurança porque a escola já sofrera diversos roubos. Os próprios alunos se encarregaram de destruir o equipamento.
Já tivemos ocorrências de responsáveis que xingaram professores e direção por não concordarem com as advertências recebidas pelos filhos.
Leia a carta na íntegra Aqui

Os seios de Jolie



Ruth de Aquino, ÉPOCA

Esta mulher é surpreendente. Nunca entrou para o primeiro time de atrizes, mas chegou a ser a mais bem paga de Hollywood. Fez filmes bem ruins, estrelou fracassos comerciais. Ficou famosa ao interpretar uma heroína de videogame, Lara Croft. Ganhou um Oscar de Coadjuvante, em 1999, como uma jovem transtornada em Garota, interrompida.
Não é, portanto, por seu desempenho profissional que Angelina Jolie ganhou a estatura de musa transcendental e universal. Ela jamais foi uma grande atriz.
Na vida real, inventou e reinventou para si mesma personagens transgressoras e radicais. Quantas Angelinas foram desconstruídas até ela chegar à capa das últimas revistas como uma deusa sublime, arauto do sofrimento de milhões de mulheres?
Angelina se impôs primeiro por uma beleza exótica, quase excessiva. Olhos imensos e verdes. Lábios tão carnudos que prestaram um desserviço a mulheres loucas e ansiosas para ganhar “a boca da Jolie”, com preenchimentos mal-sucedidos. Pernas longuíssimas, exibidas em fendas criadas por estilistas.

Angelina Jolie, festa do Oscar

A perna direita de Angelina, exposta por um modelo preto e recortado de Versace, na cerimônia do Oscar do ano passado, ganhou, em minutos, um perfil no Twitter com mais de 10 mil seguidores.
Sua pose inspirou montagens hilárias de anônimos. A perna “apareceu” em quadros clássicos, como A última ceia, de Leonardo da Vinci, e em cenas históricas, como a chegada do homem à Lua.
Compondo com os olhos, a boca e as pernas, uma outra parte do corpo de Angelina sempre esteve em evidência no tapete vermelho, pelos decotes e vestidos tomara que caia: os seios fartos, um dos símbolos de sua sensualidade. Foram esses seios que Angelina decidiu retirar e substituir por próteses, como medida preventiva contra o câncer.
Não falarei sobre detalhes médicos, o pânico da hereditariedade ou as siglas de genes mutantes. O que me interessa – e sempre me intrigou nessa atriz americana de ascendência alemã, eslovaca, canadense e holandesa – é sua personalidade.
Se olharmos para sua biografia, a decisão de Angelina de fazer e anunciar a dupla mastectomia no jornal The New York Times tem tudo a ver com sua vida, nada convencional.
Alguns enxergam seu ato como coragem, outros como precipitação. Muitos acham sua cirurgia uma oportunidade valiosa para discutir abertamente um dos maiores medos das mulheres. Hoje, não fazemos só mamografias anuais, mas ultrassonografia e ressonância magnética das mamas.
Conversei com um mastologista que se confessou surpreso com a quantidade de casos de câncer e a baixa idade de pacientes: “É como se fosse uma moda, uma onda”, disse ele.

Leia a íntegra em Os seios de Angelina

O que os homens esperam das mulheres



Ruth de Aquino, ÉPOCA
"Talvez os homens sejam realmente mais básicos ou tenham expectativas mais reais. De minha parte, espero sobretudo que minha mulher me ame, seja companheira, leal, que me motive a andar para a frente, e que sejamos felizes juntos.”
Reproduzo acima o que ouvi de um amigo após a edição da revista ÉPOCA com um especial dedicado a 50 anos de feminismo. O título era “O que as mulheres esperam dos homens”. Em 1963, a mulher tentava escapar da armadilha de mãe doméstica, submissa e dependente, sem direito a divórcio. Era a pré-história da pílula anticoncepcional.
Hoje, meio século depois, me incomoda a maneira como meninas e meninos são educados pelas mães e pelos pais. A menina, desde que nasce, é “a princesinha”. Veste rosa, pinta as unhas e faz festa de castelo encantado. De tanto ouvir que é princesa, desejará um príncipe mais tarde. O menino é tratado como um super-herói, um durão. Seu nome raramente é falado no diminutivo em casa. Mimamos a “Flavinha” e estimulamos o “Paulão”. Por que a família e a escola perpetuam esses papéis e o desencontro na vida adulta?
Como o homem costuma falar menos e ocupa as posições de poder, a mídia relega os machos a um segundo plano. Isso até os favorece, porque não são tratados como um bloco homogêneo. Segundo estudos, a mulher fala 20 mil palavras por dia, e o homem 7 mil. O triplo, será? Para alguns especialistas em linguagem, isso não passa de mito. Se levarmos a generalização ao extremo, os assuntos favoritos costumam ser diferentes.
“Homem fala de futebol e mulher. Mulher fala, fala, fala...

Coluna dominigal de Paulo Coelho


Joseph Campbell e a arte de viver

Desde que li "O Poder do Mito", na verdade uma longa entrevista com o jornalista Bill Moyers, passei a comprar e devorar todos os livros escritos por Joseph Campbell (1904 - 1987). Lembro-me de ficar muito impressionado com uma de suas respostas:

- Você sempre achou que... estava sendo guiado por mãos que não conseguia ver? - pergunta Moyers.

- Sempre - responde Campbell. - Se você segue o seu sonho, se coloca em um caminho que foi feito sob medida para que possa desenvolver aquilo que sempre desejou fazer. A partir daí, começa a encontrar com gente que faz parte deste sonho, e as portas se abrem.

E embora fascinado pelo autor, pouco sabia de sua vida, até que a jornalista Ruth de Aquino me forneceu um interessante material a seu respeito, parte do qual reproduzo a seguir:  

"Quando você cursa uma faculdade, não faz aquilo que deseja, mas procura apenas saber o que é necessário para receber o diploma. E nem sempre esta é a melhor opção".

"No meu caso, recebi uma bolsa de estudos e fui cursar a Universidade de Paris. Ao chegar à Europa, descobri James Joyce, Picasso, Mondrian - toda aquela turma da arte moderna. Depois, fui até a Alemanha, comecei a estudar Sânscrito e me envolvi com o hinduísmo. Logo em seguida veio Jung; tudo estava se abrindo, por todos os lados".

Voltei à Universidade e disse: "Olha, não quero passar minha vida tentando aprender apenas aquilo que vocês querem me ensinar".

"Tinha feito todas as matérias necessárias para o título; só precisava redigir a maldita tese. Se não fizesse isso, não me deixariam prosseguir meus estudos e, portanto chegou a hora de dizer: vão para o inferno.

"Mudei-me para o campo e passei cinco anos lendo. Nunca tirei meu título de doutorado. Aprendi a viver com o mínimo possível, isso me dava liberdade, e foi uma época maravilhosa".

"É preciso coragem para fazer aquilo que desejamos, já que as outras pessoas têm sempre um monte de planos para nós. Tendo consciência disso, decidi seguir o meu sonho: não sei como passei esses cinco anos, mas estava convencido de que ainda sobreviveria outros cinco, se fosse necessário".

"Lembro-me de uma ocasião em que tinha uma nota de um dólar na gaveta de uma cômoda, e eu sabia que enquanto ela estivesse ali, eu ainda contaria com meus recursos. Foi ótimo. Minha única responsabilidade era com minha própria vida e com minhas escolhas".

Na verdade, houve momentos em que pensei: "Caramba, gostaria que alguém me dissesse o que preciso fazer". Ser livre implica escolher seu caminho, e cada passo pode alterar todo nosso destino - o que às vezes nos dá muito medo. Mas hoje, olhando para trás, vejo que os meus dias foram perfeitos: aquilo de que precisava apareceu justamente quando era necessário. Na época, tudo que eu precisava era ler durante cinco anos. Consegui, e isso foi fundamental para mim.

"Como diz Schopenhauer, quando você vê o que ultrapassou, tem a impressão de que seguiu um enredo já escrito. Entretanto, no momento da ação, parece que está perdido em uma tempestade: uma surpresa atrás da outra, e muitas vezes sem tempo para respirar - sendo obrigado a tomar decisões o tempo todo. Só mais tarde irá compreender que cada surpresa, cada decisão fazia sentido".

Joseph Campbell é mais uma prova de que, se estivermos seguindo nossos sonhos, as coisas virão no momento exato.

Mesmo assim, nem sempre temos coragem de escolher nosso destino. Nestas horas, vale a pena lembrar uma frase que li em um bloco de anotações de um hotel em Londres:

"A vida é aquilo que está acontecendo enquanto você está ocupado fazendo seus planos". (John Lennon)

Ruth de Aquino: as mentiras, os fatos e o cínico Barbosa

O Brasil também tem seu tornado – e ele se chama Joaquim Barbosa. Por muitas vezes ainda, o presidente do Supremo Tribunal Federal exercitará seu temperamento explosivo. Essa impulsividade cobra um preço alto em sua coluna lombar. E joga destroços no lombo de muita gente no Planalto. Acho sensacional quando o redemoinho da verdade atinge nossos políticos.

O tornado Joaquim só espalha o que todo mundo diz. Que os partidos são “de mentirinha”. Que “o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos”. Que “os partidos e seus líderes não têm interesse em ter consistência” e “querem o poder pelo poder”. E que o Congresso prima pela ineficiência e submissão ao Executivo.

Joaquim falou como professor, em palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília. Não é desculpa. Ele pode ser tudo, menos ingênuo. Sabe que qualquer coisa que fale, ainda mais espinafrando, tem hoje o peso da toga e da posição no STF. O juiz supremo recebeu bordoada de todo lado. O presidente da Câmara, Henrique Alves, disse que “uma declaração desrespeitosa como essa não contribui para a harmonia constitucional”. O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que a declaração não ajuda “o fortalecimento das instituições”.

Joaquim – é pelo primeiro nome que o povo o conhece e o aplaude nas ruas – não negou nem voltou atrás, apenas afirmou ter falado como acadêmico em recinto fechado. Ora, ministro, paredes não resistem a tornados. Joaquim acha mesmo tudo o que disse. Na concepção de Alves e Renan, temos então no STF um golpista, um revolucionário, um juiz que joga contra a democracia e quer ver o circo pegar fogo. Menos, menos.

O presidente do STF
usa o redemoinho da 
verdade para provocar
políticos de mentirinha  
O roteiro da costura de alianças para 2014 é pior que na última novela da Globo, Salve Jorge. Estamos assistindo a “Salve-se quem puder”. É constrangedor acompanhar as cambalhotas de PT, PMDB, PSDB e PSB em busca de votos e palanques. Todas as declarações para a imprensa têm um quê de ameaça, chantagem, destempero, falsos beijos e tapinhas nas costas. Os slogans são pífios, os discursos são gritados. Como seria bom mandar todos os candidatos para a Capadócia, dar um tempo no noticiário político. Há uma imensa carência de ideias e programas. Capítulo após capítulo, vemos uma guerrinha de personalidades, saias justas, jantares conspiratórios.

Acompanhamos boquiabertos a manipulação de estatísticas jogadas para baixo – como os índices de inflação e o total de miseráveis. No fundo, a realidade dos políticos é rasa. A governadora Roseana Sarney só pressiona por mais uma ajudinha de R$ 1,5 bilhão para o Maranhão, o Estado que desmoraliza o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Pensando bem, o pedido de Roseana não é nada para um governo federal que gasta com 39 ministérios, em 17 prédios, a fortuna anual de R$ 58 bilhões, mais que o dobro do Bolsa Família. Falar contra esse escândalo do toma lá dá cá também atenta contra a democracia? Essa gastança é imposta a todos nós, que já sentimos a inflação pesar a cada visita ao supermercado. Não dá para enganar todos o tempo inteiro.

Será que o comportamento errático do Congresso e de nossos partidos colabora para “o fortalecimento das instituições”? Esqueçam Joaquim e olhem para seu próprio umbigo. Ah, a Justiça também tem sua parcela de culpa. Várias decisões do STF nos últimos anos contribuíram para tornar os partidos pouco representativos. As falhas do Judiciário não desmerecem, porém, o discurso de Joaquim por um Legislativo mais eficaz. Com objetivos mais nobres, que honrem o espírito público. É só ter mais coerência e princípios. Mentir menos. Tudo isso ajudaria, sim, na democracia. Ajudaria a votar com gosto e convicção.

As críticas de Joaquim aos partidos encontram um eco poderoso no mais novo indicado ao STF: o advogado Luís Roberto Barroso. Ele sempre defendeu uma reforma política abrangente, “que desça à raiz do problema” e combata “a corrupção e o fisiologismo”. Barroso critica Fernando Henrique Cardoso e Lula: “Nem FHC nem Lula tentaram mudar o modo como se faz política no Brasil. (...) Eles aderiram a esse modelo de presidencialismo sem base ideológica, com eleições em que se vota em candidatos, e não em partidos”. Traduzindo para o português corrente: nossos partidos são de mentirinha.

O tornado é um intenso redemoinho de vento que ocorre quando uma nuvem em movimento alcança a terra. No Brasil, esse fenômeno costuma ocorrer quando se dá o microfone a Joaquim.

Proibido Fumar ou Permitido Fumar




Um decreto proíbe o cigarro no Palácio do Planalto, a não ser em fumódromos isolados, mas o presidente Lula não está nem aí.


"Na minha sala, sou eu que mando. Defendo o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado."
Pesquisas recentes mostram que quem não é viciado também "fuma" por tabela.

Como cidadão e ex-fumante minha opinião é a seguinte: Nas repartições públicas, transportes coletivos, farmacias e demais estabelicimentos que o cidadão é OBRIGADO a frequentar deve ser proibido fumar.
Agora em lugares que o cidadão não seja OBRIGADO a frequentar, que seja aprovada uma lei obrigando o proprietário a colocar uma placa na fachada do local, dizendo se É PERMITIDO ou PROIBIDO FUMAR.

O cidadão frequenta se quiser.
Simples assim!


Em entrevista ao Fantástico, o rei Roberto Carlos deu uma de Chacrinha

Eu vim para confundir, não para me explicar. Sobre as biografias não-autorizadas, o rei agora não é contra nem a favor, muito pelo contrário.
Ele que, por meio de uma ação judicial, forçou o recolhimento de milhares de exemplares da biografia Roberto Carlos em detalhes’ em abril de 2007, disse na TV que é “a favor do projeto de lei que aceita biografias não-autorizadas”. 
A entrevistadora, Renata Vasconcellos, ainda tentou esclarecer: “Você mudou de opinião?” “Não é que eu mudei”, disse Roberto Carlos. (!?)
Não entendi nada. Nem ninguém entendeu. Achei patéticas as considerações do rei. Se a entrevista alcançou um objetivo, foi o de exibir a confusão mental de Roberto Carlos e o ciúme que ele cultiva de sua própria imagem. Em nenhum momento da entrevista Roberto Carlos deu um argumento plausível para ter interditado e censurado (com o aval da Justiça) a sua biografia, escrita pelo jornalista e historiador Paulo César de Araújo.
Não, o que o incomodou não foram os detalhes sobre o atropelamento de trem que decepou parte de sua perna direita quando era criança. Não, o que o incomoda é o fato de Paulo César de Araújo ter se apropriado de sua história. “O biógrafo não cria uma história. (...) Ele narra aquela história que não é a dele. Que é do biografado. E a partir do que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo”.
-       Por uma questão também comercial? – pergunta Renata.
-       Por tudo – diz Roberto.
A resposta não poderia ser mais vaga, como convém à história mal contada dos músicos que se juntaram num movimento chamado “Procure saber”. Diante de tantas idas e vindas e explicações mambembes, o movimento deveria ser rebatizado para “Procure entender” – porque está difícil, pessoal. A gente bem que tenta. Mas está cada vez mais difícil porque agora Roberto Carlos inventou o "Procure Saber do B".
Uma hora os músicos – entre eles os ícones da resistência musical à ditadura militar Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil – negam ser contra a censura mas exigem autorização prévia para biografias. Ah, dizem eles, sua preocupação é apenas contra a invasão de privacidade. Entendi. Mas não.
Outra hora, Chico tenta desacreditar o biógrafo Paulo César de Araújo dizendo que não deu a ele entrevista para o livro de Roberto Carlos. Confrontado com o vídeo que prova seu esquecimento, Chico pede desculpas. Caetano escreve no jornal, rebatendo acusações de que a idade mais avançada o teria tornado um censor careta – e sai em defesa macha da ex-mulher cujo nome esqueci... Gil entra na dança, também em favor da autorização prévia de biografados e herdeiros, mas com malabarismos comoventes para se livrar da pecha de censor.
Por quê? Para evitar revelações da intimidade dos biografados – sejam eles artistas ou políticos. Ah, e também para evitar que os biógrafos fiquem ricos com a história dos biografados. Como todos sabem, a grana de direitos autorais é obscena no Brasil (para baixo, não para cima).
Essa turma de músicos e compositores que trabalha tão lindamente com palavras deveria chamar as coisas pelo que elas são. Isso é censura.
Roberto Carlos se acha hoje mais flexível. Ele só quer uma lei que estabeleça “limites”. Mas não disse quais. Veio para confundir, não para explicar.
Disse no Fantástico que não acha mais a autorização prévia necessária. E sim “um acordo”, “uma conversa”, “uns ajustes”. Entre escritor e biografado. Que acordo seria esse? Roberto Carlos não revelou. “Teria que ser discutido”. Mas “acordo” não é a mesma coisa que “autorização prévia?”. Veio pra confundir, não para explicar.
Em nenhum momento, na entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos acusou Paulo César de Araújo de ter invadido sua privacidade ou contado intimidades que não queria ver reveladas. Não, nada disso. A história é outra. Vaidade? Roberto Carlos disse que só ele próprio pode contar. E que vai contar muito mais!
“Eu estou escrevendo a minha história. E informando muito mais a essas pessoas sobre a minha vida, sobre as minhas coisas, muito mais do que qualquer outra fonte.”
-       Quem escreveria a biografia do Roberto Carlos com as bênçãos do rei? – pergunta Renata.
-       Eu – diz Roberto.
Roberto Carlos decreta assim o fim do ofício do biógrafo - na melhor passagem da entrevista (parabéns, Renata). Só as autobiografias seriam válidas! Só se revela o que o biografado quer. E do ponto de vista que ele escolher.
As perguntas finais, para uma entrevista hipotética ao rei, são:
* Roberto Carlos, em sua autobiografia autorizada, no relato bombástico sobre sua vida que terá vários volumes (segundo ele), citará quem pelo nome?
(Imagino que muita gente mesmo, porque uma vida não se encerra numa pessoa entre quatro paredes, é um cruzamento de vidas. Ainda mais uma vida de um ídolo)
* O “autor” Roberto Carlos pedirá permissão a todas essas pessoas para contar o que viveu com elas?
* Ou essas outras pessoas, citadas na futura autobiografia de Roberto Carlos sob seu ponto de vista pessoal, pleno e intransferível, poderão interditar o livro e recolhê-lo das livrarias?
* Todas terão de assinar um papel para aprovar previamente a versão de Roberto Carlos? Incluindo os herdeiros das que morreram?
Os detalhes tão pequenos de nós dois podem parecer enormes, incendiários e inconvenientes aos olhos de quem Roberto Carlos encontrou nas curvas da estrada da vida...
Roberto, isso tudo é uma brasa, mora?

MARINA – A NAMORADINHA DO PIG

A partidarização da mídia neoliberal escudeira dos tucanos e de seu apêndice, como os demos, evidencia clara oposição ao presidente Lula e, por conseguinte, a quem o apoia.

Só que essa posição midiática partidária extrapola qualquer limite de razoabilidade.

Não é algo que possa ser chamado de natural. Porque não é.
A mídia – leia-se PIG – só não grava a logo do PSDB com aquele bico de tucano em azul e amarelo como papel timbrado de suas publicações porque sabe que isso dá o maior azar. Mas desejo é o que não lhe falta.

Principalmente porque não há como não relacionar um tucano à desfigurada figura daquele senhor de orelhas e gengivas avantajadas que (des)governa São Paulo.
O PIG vive de criar factóides. Porque são os factóides que desviam a atenção das massas. São eles (os factóides) que fazem as pessoas esquecerem outros factóides. E assim vão, umas continuando alienadamente sem entender nada do nada, outras entendendo um pouco de quase nada de acordo com os interesses do PIG.

O factóide tem um período de vida determinado. O PIG o planta e faz nascer. Se crescer, florescer e der muitos frutos, é lucro para o PIG.

O factóide do PIG em evidência hoje chama-se Marina Silva.

A senadora do PT é candidata pelo PV para presidente em 2010. A Globo já a convenceu. Tanto é que a revista Época de 15.08, diz com a autoridade de quem determina ou manda na Marina: “Sim, ela é candidata.”

Marina Silva é capa da Época. Ela é a nova namoradinha do PIG.
Marina Silva se encantou com a ideia de ser presidente do Brasil.

Época até faz uma comparação dela com Lula. Ambos são retirantes, foram pobres, analfabetos... numa forçosa e gratuita demonstração de importância atribuída à Marina e a sua possível candidatura.

É explícita, além de nojenta e asquerosa, a proposta da revista de colocar Marina contra o PT e Lula.

De repente Marina se tornou a maior e mais brilhante ambientalista brasileira, quiçá, do mundo.
Marina Silva é a maior descoberta do PIG para fazer ruir os planos de Lula, que é o de eleger Dilma Rousseff sua sucessora.

A revista dos marinhos diz com ar de estardalhaço:

“Como a candidatura de Marina Silva – a ambientalista admirada por sua biografia e temida por suas ideias radicais – embaralha o jogo eleitoral de 2010.”

Embaralhar para o PIG é não deixar Dilma ganhar no primeiro turno e levar o páreo para o segundo, onde supõe, ela enfrentará José Serra – a quem tão bem representa.
Nesse caso, o PIG quer mesmo é usar radicalmente a admirada ambientalista acreana. Depois, ela que vá se candidatar a uma vaga na Câmara... de vereadores do Rio Branco/AC, como outra heroína e combativa ex-senadora das Alagoas.

Agora, amigos, se vocês querem sentir um forte mal-estar e ver o que é parcialidade e opção partidária sem entrelinhas, basta que leiam (mas não comprem a revista, não vale a pena) a pseuda coluna da Ruth de Aquino, diretora da sucursal de Época no Rio de Janeiro.

Irônica e debochada ela mais parece escrever uma carta ao Arthur Virgílio e ao Zé Agripino.
Deixo com vocês a opção dessa aventura.

Esperam que resistam.