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Que os militares voltem para os quartéis, por Marcelo Branco

#31M 1 de abril
Neste dia de descomemoração do golpe militar de 1964, gostaria de homenagear postumamente o meu pai, Alcides João Branco. O pai, um militar de carreira, participou ativamente da resistência a tentativa de golpe militar de 1961 (ano em que nasci) e que entrou na história como a "campanha da legalidade".

Perseguido dentro dos quartéis de 1961 até o golpe de 1964. Em abril de 1964, numa emboscada em que dirigia um caminhão do exército para serviços de rotina, foi detido na rua Caldas Júnior, em Porto Alegre, por militares golpistas. Nossa casa, numa operação militar espetacular, foi invadida pelos gorilas golpistas. Minha mãe e minhas irmãs mais velhas fizeram a defesa da casa, mas não conseguiram impedir que os milicos levassem vários livros e trabalhos escolares como prova do “comunismo” do meu pai.

Enquadrado no AI-1 (ato institucional número um), com sete filh@s, teve seus direitos civis e militares cassados, foi preso em Santa Cruz e ficou proibido de ter um emprego regular. Um trabalhador incansável e um pai super dedicado passou a sustentar a família de nove pessoas através de biscates e serviços prestados de marcenaria, construção civil, pintura e reforma de residências.

Finalmente, nos anos 70, num julgamento de exceção pelo tribunal militar em que ele dispensou o advogado e fez sua própria defesa, foi absolvido por falta de provas de que era comunista ou pertencia ao “grupo dos onze” do governador Leonel Brizola.

Continuou sua luta contra a ditadura de forma mais reservada, tendo como prioridade a formação dos seus sete filhos. No início dos anos 80, lidera com outros militares a campanha pela anistia ampla geral e irrestrita, tendo presidido a AMPLA (Associação dos Militares Pela Anistia Ampla). Eu, já no início de minha militância política, me emocionei (e ainda me emociono da cena) de o ver o meu pai, já maduro, em cima de um palanque improvisado na “esquina democrática” dando discursos pela anistia num mesmo ato que eu jovem participava como militante.

A luta da anistia do meu paí só foi resgatada após sua morte e pelo Presidente Lula.

Convivi toda minha infância, adolescência e juventude numa ditadura militar como o "filho do subversivo", o que muito me orgulhava, e numa família marcada pelo golpe. Aprendi com ele os valores, a importância de lutarmos pelos nossos direitos, sem perder a ternura. Amei muito meu pai e a vida que ele nos proporcionou, mesmo diante de tantas dificuldades. Acredito que minhas irmãs e irmãos podem contar mais desta história de nossas vidas na ditadura militar.

Neste aniversário do golpe militar gostaria de prestar esta singela homenagem ao pai, e repudiar esse golpe atual que colocou essa quadrilha no governo federal e  que é mais um ataque contra a democracia brasileira.

Alcides João Branco: presente!

Lembrar para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. #DitaduraNuncaMais!

* esse post foi um upgrade do que fiz na descomemoração de 50 anos do golpe de 1964
Marcelo Branco 

Destaque do dia

Estamos já em plena ditadura civil, rumo à militar? 

O que vivemos atualmente no Brasil não pode sequer ser chamado de democracia de baixíssima intensidade. Se tomarmos como referência mínima de uma democracia sua relação para com o povo, o portador originário do poder, então ela se nega a si mesma e se mostra como farsa.
Para as decisões que afetam profundamente o povo, não se discutiu com a sociedade civil, sequer se ouviram movimentos sociais e os corpos de saber especializado: o salário mínimo, a legislação trabalhista, a previdência social, as novas regras para a saúde e a educação, as privatizações de bens públicos fundamentais como é, por exemplo, a Eletrobras e campos importantes de petróleo do pré-sal, bem como as leis de definem a demarcação das terras indígenas e, o que é um verdadeiro atentado à soberania nacional, a permissão de venda de terras amazônicas a estrangeiros e a entrega de vasta região da Amazônia para a exploração de variados minérios a empresas estrangeiras.
Tudo está sendo feito ou por PECs, decreto ou por medidas provisórias propostas por um presidente, acusado de chefiar uma organização criminosa e com baixíssimo apoio popular que alcança apenas 3%, propostas estas enviadas, a um parlamento com 40% de membros acusados ou suspeitos de corrupção.
Que significa tal situação senão a vigência de um Estado de exceção, mais, de uma verdadeira ditadura civil? Um governo que governa sem o povo e contra o povo, abandonou o estatuto da democracia e claramente instaurou uma ditadura civil. Assim pensa um de nossos maiores analistas politico Moniz Sodré, entre outros. É exatamente isso que estamos vivendo neste momento no Brasi. Na perspectiva de quem vê a realidade política a partir de baixo, das vítimas deste tipo novo de violência, o país assemelha-se a um voo cego como um avião sem piloto. Para onde vamos? Nós não sabemos. Mas os golpistas o sabem: criar as condições políticas para o repasse de grande parte da riqueza nacional para um pequeno grupo de rapina que segundo o IPEA não passa de 0,05 de populacão brasileira, (um pouco mais de 70 mil milhardários) que constituem as elites endinheiradas, insaciáveis e representantes da Casa Grande, associadas a outros grupos de poder anti-povo, especialmente de uma mídia empresarial que sempre apoiou os golpes e teme a democracia.
Transcrevo um artigo de um atento observador da realidade brasileira, vivendo no semi-árido e participando da paixão das vítimas de uma das maiores estiagens de nossa história: Roberto Malvezzi. Seu artigo é uma denúncia e um alarme: Da ditadura civil para a militar.