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Brasil 247 Para a revista Veja, a prisão de José Dirceu, assim como seu aniquilamento e a destruição completa de sua biografia, é uma questão de honra

Não fosse assim, a revista não teria recorrido aos serviços do bicheiro Carlos Cachoeira para tentar seguir – ilegalmente – todos os seus passos no Hotel Naoum, em Brasília. Da mesma forma, a revista não teria feito uma capa com fogos de artifício, quando o Supremo Tribunal Federal definiu as penas dos réus da Ação Penal 470.

Dirceu é um alvo especial para a revista porque ocupa um papel simbólico na história da esquerda brasileira. Transformá-lo em bandido, em personagem inescrupuloso ou numa espécie de monstruosidade moral é uma maneira, também, de criminalizar a própria esquerda.

É nesse contexto que se insere a biografia não autorizada "Dirceu", escrita pelo jornalista Otávio Cabral, editor de Veja. Até algumas semanas atrás, divulgava-se que o livro não seria mais lançado, diante dos receios da editora LeYa. Agora, "de surpresa", o livro chega às livrarias pela Record e também à capa de Veja desta semana, cuja imagem é simbólica: o "monstro" pragmático Dirceu tira a máscara do "herói" sonhador, que ele usara na juventude. Abaixo disso, chamadas impactantes como num thriller policial: "Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU - TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES - CHANTAGEOU LULA.


Sobre o livro em si, poucas revelações bombásticas, a julgar pelo que está contido na reportagem de Veja. Uma das revelações é a de que, enquanto viveu no Paraná com Clara Becker e assumiu a identidade do empresário "Carlos Henrique", Dirceu não mantinha apenas uma vida dupla, que ocultava da própria mulher. Ele também teria tido uma amante em São Paulo, onde comprava roupas para sua loja, e, portanto, tinha uma "vida tripla", segundo Veja.

Recomendo a leitura da resenha que o jornalista Mario Sergio Conti fez do livro "Dirceu - A Biografia", de Otávio Cabra

O título do texto é "Chutes para todo lado" e está na revista Piauí deste mês, que chegou nesta semana às bancas.

A resenha aponta diversos erros de informação, equívocos e imprecisões históricas e políticas no livro.

Eis alguns trechos da resenha:

“O livro começa em 1968, com os pais de José Dirceu assistindo pela televisão à sua prisão no Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna. Informa que a notícia da prisão de José Dirceu foi ‘transmitida em rede nacional de televisão’. Mas o Brasil só teria rede nacional de tevê no ano seguinte.”

“E a sexta página se encerra com um abuso: Otávio Cabral afirma que José Dirceu apoiava Jango ‘mais para se opor ao pai do que por ideologia’. Nada autoriza o biógrafo a insinuar o melodrama edipiano. Ainda mais porque, dois parágrafos adiante, é transcrita uma declaração na qual José Dirceu afirma que, no dia mesmo do golpe, se opôs à ditadura por ‘um problema de classe’.”

“Ao ‘vasculhar’ a vida de José Dirceu, Cabral se ateve a uma ideia prévia, que ele enuncia assim: ‘Encontrava na atividade política um prazer e vislumbrava nela uma chance de ascensão social e profissional.’ A afirmação, caída do céu, é oca e insensata. Oca porque não há nada de mais em se ter prazer fazendo política – ou medicina, malabarismo, jornalismo, o que for. Insensata porque, por dez anos, José Dirceu correu perigo real de ser preso (o que lhe aconteceu), torturado e assassinado (o que ocorreu com centenas de outros). Gramou dez anos de exílio e clandestinidade. Não queria subir na vida e sequer tinha profissão. Fazia política em tempo integral.”

“O biógrafo diz que Rui Falcão, hoje presidente do PT, foi colega de José Dirceu na Pontifícia Universidade Católica, onde estudou jornalismo. A PUC sequer tinha curso de jornalismo na época e Rui Falcão estudou direito, mas na Universidade de São Paulo. Relata que 5 mil estudantes se reuniram ‘nas arcadas do Grupo Escolar Caetano de Campos’, que não se chamava ‘Grupo Escolar’ e não tem arcadas. Afirma que a Faculdade de Filosofia, na rua Maria Antônia, tem cinco andares, um a mais do que se vê em qualquer foto.”

“O autor não fica só nos erros menores. Escreve que em 1968 ‘a Guerra Fria encontrava-se no auge e a invasão dos Estados Unidos a Cuba era iminente’. A invasão de Cuba fora eminente em 1961, quando a CIA organizou o desembarque na Baía dos Porcos, e no ano seguinte, durante a crise dos mísseis, e não seis anos depois. E 1968 não foi o ano do auge da Guerra Fria, e sim o da sua grande crise, que levou o capitalismo e o stalinismo a se darem as mãos.”

“José Dirceu passou um tempo clandestino no Brasil no início dos anos 70. Otávio Cabral se fia em papéis da ditadura para apontá-lo como um dos responsáveis pelo assassinato de um sargento da PM, em janeiro de 1972, ‘na rua Colina da Glória, no Cambuci’. Uma testemunha teria reconhecido Dirceu como participante no crime. Há três elementos que abalam a credibilidade dos documentos militares. O reconhecimento da testemunha foi feito com base numa foto antiga de Dirceu, antes de ele ter feito uma cirurgia plástica no rosto em Cuba. A morte do sargento não gerou inquérito nem processo. A rua Colina da Glória não existe no Cambuci nem em bairro nenhum de São Paulo. Otávio Cabral também leva em conta o depoimento de um sargento, integrante do Centro de Informações do Exército, que acusou José Dirceu de ter sido agente duplo e delator.”

“Eis uma afirmação direta de Otávio Cabral sobre profissionais de sua área, o jornalismo: ‘Antigos companheiros de Ibiúna e de clandestinidade tinham posições de destaque na imprensa em meados dos anos 80, como Rui Falcão, que comandava a revista Exame, e Eugênio Bucci,diretor da Playboy.’ Nem Falcão nem Bucci participaram do Congresso da une em Ibiúna. Oprimeiro porque não era mais estudante e o outro por ser criança. Eugênio Bucci jamais esteve na clandestinidade. Rui Falcão, sim, mas não foi ‘companheiro’ de Dirceu: clandestino, militava em outra organização e noutra cidade. Bucci nunca foi diretor da Playboy. São cinco erros factuais numa frase. Algum recorde foi batido.”

“Apenas uma das referências futebolísticas tem sentido político, o jogo da Seleção Brasileira contra a do Haiti, em Porto Príncipe, em 2004. De fato, Dirceu – com Ricardo Teixeira e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, apelidado de Kakay – pelejou pela organização do chamado Jogo pela Paz.  “

“Se não discute o apoio de Dirceu à intervenção brasileira no Haiti (uma posição contrária à da esquerda ortodoxa), Cabral descreve com detalhes a viagem da ‘comitiva liderada por Lula e Dirceu’. Fala que os dois foram ao Estádio Nacional ‘num caminhão de bombeiros, junto com astros do futebol brasileiro como Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. Dirceu tirou fotos com todos antes de entrar no veículo’. Conta que ‘às quatro da tarde, o Hino Nacional Brasileiro foi tocado e Dirceu chorou’. No segundo tempo, o goleiro Fernando Henrique substituiu o titular e, prossegue Cabral, ‘assim que viu o homônimo do ex-presidente entrando em campo, Dirceu virou-se para Kakay e ironizou: ‘Bem que esse Fernando Henrique podia tomar um gol. Aí a festa vai ser perfeita.’ É um belo relato.”

“Exceto pelo seguinte: José Dirceu não foi ao Haiti ver a partida. Não era necessário entrevistar o biografado para saber que ele não assistiu ao Jogo pela Paz (procurado, Dirceu não deu nenhuma informação para esta resenha). Não há referências ao então chefe da Casa Civil nas copiosas reportagens sobre Lula e sua comitiva no Haiti. Foi feito um documentário sobre a partida, O Dia em que o Brasil Esteve Aqui, com mais de uma hora de duração, no qual Dirceu está ausente do jogo. Poder-se-ia perguntar a Lula, a Ricardo Teixeira, a Kakay, aos jogadores, às pessoas da comitiva, a todos que lá estiveram, se José Dirceu compareceu. E eles diriam: não, José Dirceu não foi ao Haiti. Em vez de trabalhar, Otávio Cabral preferiu a invencionice delirante.”

Para ler a íntegra no site da Piauí, clique

Flash sobre Dirceu

"Ele analisa a conjuntura à maneira de Fernando Henrique Cardoso, que enraíza querelas brasilienses no solo mundial. Como Delfim Netto, pensa primeiro em objetivos nacionais e só depois na casta dos profissionais da política. À semelhança de Fernando Haddad, é realista e evita lero-lero numa conversa a dois."  Mário Sérgio Conti

"Dirceu optou por uma política e a defendeu com lealdade, sem dar golpes baixos"  Valério Arcary

"Uma pessoa extremamente obstinada, que nunca demonstrou desejo de tirar proveito pessoal da sua atividade política"  Tarso Genro

na Folha


Zé Dirceu mostra a verdade. MPF, Moro e pig mentem descaradamente


O ex-ministro José Dirceu passou a atuar como consultor empresarial a partir de 2006, depois que deixou o governo Lula, em 2005, e teve seu mandato de deputado federal cassado injustamente pela Câmara. Seu trabalho sempre foi o de assessorar, em sua maioria, empresas brasileiras e estrangeiras na construção de estratégias para atuação em mercados externos, como América Latina, Europa e Estados Unidos.

Por toda sua trajetória – de líder estudantil exilado durante a ditadura a ministro-chefe da Casa Civil -, José Dirceu possui inegável capacidade de análise de conjuntura política e econômica do Brasil e, sobretudo, da América Latina, Europa e Estados Unidos. Tal capacidade é reconhecida internacionalmente e foi de fundamental importância para a JD construir sua reputação e sua clientela dentro e fora do país.

Em nove anos, a JD – Assessoria e Consultoria atendeu cerca de 60 clientes de quase 20 setores diferentes da economia, como Indústrias de bens de consumo, Telecom, Comércio Exterior, Logística, Tecnologia da Informação, Comunicações e Construção Civil. José Dirceu trabalhou, entre outras, para as brasileiras Ambev, Hypermarcas, EMS, o grupo ABC do publicitário Nizan Guanaes, além de atender a espanhola Telefónica e dar consultoria para os empresários Carlos Slim, Gustavo Cisneros e Ricardo Salinas.

Entre 2006 e 2013, a empresa teve um faturamento bruto de R$ 39,1 milhões, como foi amplamente divulgado pela imprensa nos últimos meses. Do total da receita, 85% foi gasto com o pagamento de despesas fixas e operacionais e recolhimento de impostos. A empresa registrou, em média, lucro mensal de R$ 65 mil.

Foi com esse dinheiro que o ex-ministro José Dirceu viabilizou a contratação de advogados e assessoria de comunicação para fazer sua defesa na Ação Penal 470 e também financiou as dezenas de viagens por todo o país para se defender e também participar ativamente da vida política do PT nos 27 estados da federação.

Sobre a quebra de sigilos

O ex-ministro e sua empresa tiveram seus sigilos fiscal e bancário quebrados, em janeiro, pela Justiça do Paraná. A defesa de Dirceu só tomou conhecimento da quebra dos sigilos por meio de reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, em 22 de janeiro. Menos de uma semana depois, os advogados do ex-ministro se anteciparam e apresentaram à Justiça cópias dos contratos com as empreiteiras e das notas fiscais emitidas, além de todas as declarações de Imposto de Renda da empresa.

A petição também anexou cópia dos passaportes de José Dirceu, demonstrando que ele fez, sobretudo a trabalho, mais de 120 viagens ao exterior e visitou 28 países entre 2006 e 2012. Em mais de uma oportunidade, a defesa também já manifestou que José Dirceu está à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos sobre sua atuação como consultor.

Em março, o juiz Sérgio Moro levantou o sigilo dos autos, o que permitiu que todo o conteúdo da quebra dos sigilos bancário e fiscal de José Dirceu e sua empresa se tornasse público e ganhasse a atenção da mídia. Foram produzidas dezenas de reportagens, em jornais e TVs, detalhando a lista de clientes e o faturamento da consultoria entre 2006 e 2013.

Como não há mais segredo de Justiça na investigação, qualquer advogado sem procuração nos autos pode pedir vistas, por meio de petição eletrônica, e ter acesso à integra dos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro e sua empresa a partir do site da Justiça Federal do Paraná.

Sobre os contratos com as construtoras

As construtoras, que são alvo da Operação Lava Jato, não são os maiores clientes da JD Consultoria. O setor mais atendido por José Dirceu foi o das indústrias. Desde 2006, a indústria respondeu por um faturamento equivalente a 31,79% do total, enquanto as construtoras somaram 20%.

Como já informado à Justiça, a relação comercial da JD com as construtoras investigadas na Operação Lava Jato não tem qualquer vínculo com os contratos das empreiteiras com a Petrobras e José Dirceu já se prontificou, desde janeiro, a depor à Justiça sobre as consultorias prestadas. As próprias empresas e seus principais executivos também já afirmaram, em depoimento à Justiça, sobre a natureza e realização dos trabalhos. Além das construtoras, as demais empresas atendidas pela JD confirmaram à imprensa que recorreram ao escritório de Dirceu para prospectar ou destravar negócios no exterior.

Para o Ministério Público, no entanto, os contratos de consultoria com as construtoras seriam fictícios para encobrir o recebimento de propina. Diante de uma carteira que atendeu 60 clientes que reconhecem os serviços prestados por Dirceu, por que apenas os contratos com as construtoras seriam ilícitos? Por que os contratos com a Ambev e Telefónica, por exemplo, são regulares e a relação com Camargo Corrêa e Engevix seria cobertura de pagamentos ilícitos?

Em nome da transparência e de sua defesa – mesmo mediante cláusulas de confidencialidade previstas em contrato -, o ex-ministro tornou o público os serviços que prestou às empreiteiras no exterior.

Camargo Corrêa

O contrato com a Camargo Corrêa foi o primeiro a ser questionado pelo Ministério Público e foi divulgado em dezembro do ano passado por reportagem da revista Época. Foi a partir deste contrato que os procuradores pediram a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Dirceu e sua empresa. Em 10 meses de trabalho, a JD faturou R$ 900 mil prestando serviço para a construtora em Portugal e na Venezuela.

Foi a Camargo Corrêa quem recorreu ao ex-ministro para conhecer melhor o mercado português. A consultoria de Dirceu à Camargo foi divulgada pela mídia e está registrada na biografia não autorizada escrita pelo jornalista Otavio Cabral. Dirceu viajou cinco vezes a Portugal. A Camargo Corrêa informou à Justiça que a indicação para a contratação foi feita pelo presidente do Conselho, Vitor Hallack. A construtora também confirmou os encontros do conselheiro com José Dirceu durante a consultoria.

Engevix

O contrato com a Engevix foi assinado em novembro de 2009 e teve vigência até fevereiro de 2011, também conforme documentação encaminhada à Justiça do Paraná. O presidente do Conselho da Engevix, Cristiano Kok, e o ex-vice-presidente Gerson Almada já declararam à imprensa e à Justiça, respectivamente, que o contrato com a JD teve o objetivo de expansão dos negócios da companhia na América Latina, em especial Peru e Cuba.

Almada foi enfático ao afirmar que nunca conversou com José Dirceu a respeito de contratos na Petrobras nem nunca recebeu do ex-ministro qualquer pedido para doações eleitorais. Em depoimento dado à Justiça do Paraná, o executivo detalhou a relação com Dirceu: "Ele se colocou à disposição para fazer um trabalho junto à Engevix no exterior, basicamente voltando a vendas da empresa em toda a América Latina, Cuba e África, que é onde ele mantinha um capital humano de relacionamento muito forte", disse o empresário. "Fizemos uma viagem para o Peru com o José Dirceu, onde ele tinha um excelente relacionamento. É o que a gente chama de open door, (Dirceu) fala com todo mundo, bota você nas melhores coisas, mas não resolve o close door. A gente tem que fechar contratos. Ele nos colocava em contato com vários tipos de relacionamentos."

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Cristiano Kok deu a mesma explicação: "nunca foi propina. Dirceu foi contratado pelo relacionamento que tinha no Peru, em Cuba e na África. O contrato era em torno de R$ 1 milhão, não sei exatamente."

Depois do contrato diretamente com a Engevix, o ex-ministro manteve o trabalho por meio da empresa JAMP, de Milton Pascowith, que havia trabalhado por muito tempo para a construtora. O contrato com a JAMP foi assinado no mês seguinte ao término do contrato com a Engevix. O objetivo permaneceu o mesmo: prospectar contratos para a empresa no exterior, em especial no Peru.

Ações da Engevix no Peru

No período da prestação de serviços da JD Consultoria, a construtora atuou em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas ferroviárias no Peru:

Em agosto de 2008, empresa assina com o Instituto Nacional de Recursos Naturais do Peru autorização para execução de estudos para construção da hidrelétrica de Pakitzapango.

Em 2011, empresa também atuou nos estudos de impacto ambiental do projeto de irrigação da margem direita do rio Tumbes

Também em 2011 trabalhou no projeto do trem de Lima por 8 meses (mas deixou o trabalho por questão de desempenho).

A empresa também atuou na supervisão da central hidrelétrica Machu Pichu.

Demais empresas também confirmam consultorias

A imprensa, naturalmente, fez o seu papel e foi ouvir o que os demais clientes da carteira da JD tinham a dizer sobre os serviços prestados pelo ex-ministro. Todos referendaram a licitude dos contratos.

Uma reportagem do Estado de S. Paulo afirma: "Clientes dizem buscar negócios fora do Brasil", relatando declarações da EMS, Ambev e Hypermarcas. O Globo também ouviu uma série de empresas.

A Consilux Tecnologia reconheceu a contratação para assessorar a empresa "no relacionamento com o governo venezuelano". A Ambev também aponta o mesmo objetivo: ter apoio na relação com a Venezuela.

A farmacêutica EMS e a Solvi Participações disseram ter buscado com os serviços do ex-ministro a "internacionalização de suas empresas".

A Hypermarcas confirma a contratação de Dirceu para receber análises e palestras sobre o cenário político brasileiro, usando as informações como suporte para suas decisões de investimento. O publicitário Nizan Guanaes também reconheceu que se valia das análises de Dirceu para orientação estratégica do Grupo ABC.

José Dirceu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre


Ministro-chefe da Casa Civil do Brasil Brasil
Mandato1 de janeiro de 2003
até 21 de junho de 2005
Antecessor(a)Pedro Parente
Sucessor(a)Dilma Rousseff
Deputado federal por São Paulo São Paulo
Mandato15 de março de 1991
até 1 de dezembro de 2005
Deputado estadual de São Paulo São Paulo
Mandato15 de março de 1987
até 14 de março de 1991
Vida
Nascimento16 de março de1946 (66 anos)
Passa-Quatro (Minas Gerais)
 Brasil
Alma materPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
PartidoPartido dos Trabalhadores
ProfissãoAdvogado
José Dirceu de Oliveira e Silva (Passa-Quatro16 de março de 1946) é um político e advogado brasileiro, com base política em São Paulo.
Foi líder estudantil entre 1965 e 1968, ano em que foi preso em Ibiúna, no interior de São Paulo, durante uma tentativa de realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em setembro de 1969, com mais quatorze presos políticos, deportados do país, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, foi deportado para o México. Posteriormente exilou-se em Cuba. Fezplásticas e mudou de nome para não ser reconhecido em suas tentativas de voltar ao Brasil após ser exilado, e voltou definitivamente ao país em 1971, vivendo um período clandestinamente em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste e, quando teve novamente sua segurança ameaçada, retornou a Cuba. Em 1975 retornou ao Brasil, estabelecendo-se clandestinamente em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná.
Com a redemocratização, em 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, do qual foi presidente nacional durante a década de 1990. Exerceu vários mandatos: entre 1987 a 1990 foi deputado estadual constituinte por São Paulo, e, em 1991, 1998 e 2002 elegeu-se deputado federal. Em janeiro de 2003, após tomar posse na Câmara dos Deputados, licenciou-se para assumir o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil daPresidência da República, onde permaneceu até junho de 2005, quando deixou o Governo Federal acusado, por Roberto Jefferson de ser o mentor do Escândalo do Mensalão. Retornando à Câmara para se defender, Dirceu teve seu mandato de deputado federal cassado no dia 1º de dezembro de 2005, tornando-se inelegível até 2015.

Índice

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Biografia

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Inícios


José Dirceu (o segundo em pé, da esquerda para a direita), junto com os demais prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador norte-americano. Fotografia efetuada antes do embarque do grupo para o exílio.
José Dirceu iniciou sua militância política no movimento estudantil em 1965, ano em que iniciou seus estudos de Direito na PUC-SP, sendo vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) no período de 1965-66. Ainda em 1966 rompeu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ajudou na formação paulista das chamadas "Dissidências", em São Paulo a sigla era "DI-SP" (esta organização acabou tendo enorme afinidade política com o grupo de Carlos Marighella, que mais tarde viria formar a Ação Libertadora Nacional). No entanto, Dirceu nunca fez parte dos quadros da ALN. Em 1967 Dirceu, que era conhecido pelo codinome de "Daniel", presidiu a União Estadual de Estudantes (UEE), firmando-se como líder estudantil. Em 1968 foi preso em Ibiúna, no interior de São Paulo, durante uma tentativa de realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Em 1969 os grupos guerrilheiros marxistas-lenistas conhecidos como MR-8 e ALN seqüestraram o embaixador dos Estados UnidosCharles Burke Elbrick. Os revolucionários exigiram a libertação de uma lista de prisioneiros políticos, entre eles José Dirceu. O incidente do seqüestro do embaixador foi contado no livro "O Que É Isso, Companheiro?" (1979), de autoria do deputado Fernando Gabeira (PV), posteriormente transformado em filme (Bruno Barreto, 1997). Em 2007, o diretor Silvio-Da-Rin lançou o documentário "Hércules 56", onde os protagonistas relatam em detalhes sobre o episódio do sequestro e da libertação dos 15 presos. O filme dá voz também a todos os que foram trocados pelo embaixador norte-americano e que ainda estão vivos.
Os presos trocados pelo embaixador, deportados do Brasil, seguiram para o México, a bordo do avião da Força Aérea modelo C-130 Hércules, matricula 2456. De lá seguiram para Cuba e Paris. Dirceu foi para Cuba. Durante o exílio, trabalhou, recebeu treinamento militar, estudou na ilha.

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Retorno ao Brasil

Retornou ao Brasil em 1971, vivendo clandestino em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste. Em 1975, em Cuba, alterou sua aparência através de uma cirurgia plástica e retornou ao Brasil, com o nome falso de "Carlos Henrique Gouveia de Mello", instalando-se na cidade de Cruzeiro do Oeste, no Paraná. Lá casou-se com sua primeira esposa, Clara Becker, e passou a viver em total clandestinidade, omitindo seu passado e sua verdadeira identidade até mesmo de sua esposa. Em Cruzeiro, reservadamente, acompanhava os acontecimentos políticos do país.
Em 1979, com a anistia, retornou a Cuba, desfez a cirurgia plástica e, em dezembro de 1979, voltou definitivamente para o Brasil, onde passou a participar das atividades políticas em curso, que deram origem ao PT.

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Participações políticas

Em 1986 foi eleito deputado estadual constituinte em São Paulo pelo PT, exercendo mandato entre 1987 e 1991. No período, notabilizou-se pela forte oposição à administração do então governador Orestes Quércia.
Em 1992, no exercício do mandato de deputado federal, foi o autor — ao lado do senador Eduardo Suplicy — do pedido para a instalação da CPI que levou o então presidente Fernando Collor de Mello ao impeachment. Dois anos depois foi o candidato petista ao governo de São Paulo, mas acabou ficando em terceiro lugar atrás de Mário Covas (PSDB) e Francisco Rossi (então no PDT).
Em 1995 foi indicado por Lula para disputar o encontro nacional do partido e ganhar a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, cargo para o qual se reelegeria em 1997 e 2001 (esta por eleições diretas entre filiados do PT).

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Apogeu e queda

José Dirceu foi Ministro-Chefe da Casa Civil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 1 de janeiro de 2003 até 16 de junho de 2005, quando pediu demissão do cargo de ministro, e voltou a seu antigo cargo de deputado federal por São Paulo (era até então deputado licenciado) do Partido dos Trabalhadores.
Ocupou o principal posto da coordenação política do governo, sendo tratado pela imprensa como o homem forte da administração federal, a quem caberiam efetivamente as decisões, um super-ministro ou "primeiro-ministro".
Sua demissão ocorreu em meio à crise política que surgiu após denúncias de corrupção nos Correios e em outras empresas estatais, vindas à tona após acusações do deputado Roberto Jefferson. Reassumiu, então, seu mandato de deputado federal.
Embora a oposição tenha afirmado diversas vezes que o presidente tenha demitido o ministro por reconhecer a culpa do mesmo, Lula nunca assumiu publicamente a hipótese.
No dia 1 de dezembro de 2005, aproximadamente à meia-noite e meia, José Dirceu teve seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. O placar da votação foi de 293 votos a favor da cassação e 192 contra; com isso, José Dirceu ficou inelegível até 2015. O relator do processo de cassação de José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados foi Júlio Delgado.
No dia 30 de março de 2006, o procurador-geral da RepúblicaAntonio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), quarenta pessoas, entre políticos e empresários, participantes do esquema do mensalão. O procurador indiciou por crimes graves, como corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato os ex-ministros do governo Lula José Dirceu (Casa Civil), Anderson Adauto (ministro dos transportes) e o ex-ministro dos transportes Luiz Gushiken (Comunicação Estratégica). Dirceu saiu do governo federal por ser insustentável a sua permanência na Casa Civil, pressão esta exercida pelo escândalo em que estava envolvido. O relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa (nomeado por Lula), atribuiu a liderança no esquema do "mensalão" a José Dirceu, José GenoinoDelúbio Soares e Sílvio Pereira.
Após ser o principal alvo das investigações do mensalão do PT, Zé Dirceu tornou-se — para o público interno do PT — um símbolo de resistência por reproduzir a imagem de perseguido.[1]
Mesmo cassado, voltou à direção do PT, ignorou as decisões do partido, criou confusão com aliados, foi repreendido por Lula, alegando que "isso não tinha importância".[2]
Em 23 de fevereiro de 2010 a Folha de S.Paulo citou que Dirceu foi contratado por ao menos R$ 620 mil pela principal empresa do grupo empresarial privado beneficiado com reativação da estatalTelebrás. O dinheiro teria sido pago entre 2007 e 2009 pelo dono de uma companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.[3] A oposição defende que a reativação da estatal teria sido comandada por Dirceu para beneficiá-lo.[4]
Em seu blog, Zé Dirceu comentou que "a Folha joga sujo para atacar plano de banda larga do governo e me atingir".[5]
Em palestra em 13 de setembro de 2010 para sindicalistas do setor petroleiro em Salvador, José Dirceu teria declarado que "o problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa".[6] A fala, divulgada no site do diretório do PT da Bahia, foi posteriormente desmentida por Dirceu, que negou ser de sua autoria. O presidente do diretório baiano atribuiu sua divulgação a um "equívoco da assessoria de imprensa do partido".[7]
Em 9 de outubro de 2012 foi condenado por corrupção ativa, junto com José Genoíno e Delúbio Soares, pelo Supremo Tribunal Federal, colocando um hiato em sua carreira política.
Em 22 de outubro de 2012 foi condenado por formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 4.
Já no dia 12 de novembro de 2012 foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, devendo cumprir a pena em regime fechado, por conta da sua participação no esquema do mensalão. Ele também foi condenado pela corte a pagar multa no valor de R$ 676 mil.[8].

Veja: Dirceu chantageou Lula

Biografia de Dirceu feita pela Veja? Nem li
Por: Fernando Brito
Francamente, gastar 10 reais e a manhã de sábado lendo a biografia de José Dirceu escrita pela Veja, nem eu mereço.
Esperei até agora para ver se algum herói se aventurava a comentar – disse herói, não Reinaldo Azevedo ou Augusto Nunes, que se esmeram em agradar as “matérias da casa” contra o Governo.
Olhei só a capa e as páginas de abertura da matéria. Nojentas.
A capa está aí e dispensa comentários.
A abertura tem uma montagem das fotos de Dirceu, dos 10 aos 60 e poucos anos que deve ter hoje. As mudanças faciais seriam óbvias, mas a exposição ainda fica mais conspiratória quando se recorda que ele teve de mudar o rosto, com uma plástica para voltar, clandestinamente, ao seu país, do qual havia sido banido pela ditadura e seria morto se encontrado.
Agora, o simpático Esmael de Moraes, do Paraná, faz o sacrifício.
Seus comentários, acrescidos dos meus:
1 – A capa é igual daqueles jornais sensacionalistas, dos que um programa de rádio antigo dizia que, torcidos, saíam sangue: “Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU – TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES – CHANTAGEOU LULA.”;
2 - A maior “bomba”: a informação de que, quando era casado com Clara Becker, no interior do Paraná, tinha uma namorada em São Paulo. Puxa! Que coisa! Ainda se fosse em Paris, com um filho escondido por quase 20 anos, vá lá;
3 - Depois, Esmael descreve a suposta chantagem: “o livro conta que Dirceu obteve a presidência do PT depois de uma conversa tensa – e sem testemunhas – com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu teria ameaçado abandonar o PT e revelar esquemas de caixa dois do PT com empreiteiras, caso Lula não o apoiasse” . E pergunta, se a conversa foi sem testemunhas, quem a contou: Dirceu ou Lula? Ou seriam câmeras clandestinas daqueles moldes de que se serviu a revista para espionar o hotel onde Dirceu se hospedava? Não sei como o Obama não contrata a redação de Veja no lugar do FBI, não ia passar por todo este desgaste com os grampos telefônicos do FBI. Será porque teria de levar junto o Policarpo e o Cachoeira?
4 - Mas aí é que vem o ponto: descaradamente, a revista pede – com o jeitinho com que Veja sabe pedir – que os novos ministros do STF – Teori Zavascki  e Luiz Roberto Barroso não livrem os réus (do “mensalão”) da cadeia. Pressão “na veia”.
É verdade que Otávio Cabral tem um texto melhor que o do seu antecessor Merval Pereira na “pressão literária” sobre o STF para não exercer sua soberania no julgamento dos recursos. E que teve mais trabalho do que copiar e colar as colunas de jornal com que Merval conquistou um tamborete na Academia Brasileira de Letras.
Quem sabe vai pra lá também, com aquele fardão engalanado, fazer companhia a Merval?

Uma pausa. Até que Zé Dirceu possa voltar a se manifestar.

No Blog do Dirceu:

Há poucos mais de dez anos nascia o Blog do Zé Dirceu, dentro de uma seção de blogs de colunistas políticos criada pelo portal iG e tendo como pano de fundo as eleições de 2006.

Em seus primeiros posts, Zé Dirceu, injustamente cassado pela Câmara dos Deputados em 2005, na esteira do chamado "mensalão", comentava temas que seriam recorrentes ao longo dos anos: a imprescindível reforma política com financiamento público de campanha, para acabar com a subordinação do Parlamento aos interesses econômicos; a necessidade de investimentos em infraestrutura para fazer o Brasil crescer; a defesa dos programas sociais do governo Lula para extirpar a miséria; o combate ao rentismo e ao receituário neoliberal para a economia.

Zé Dirceu engajou-se na campanha de 2006 por meio do blog. Sempre apostou na reeleição de Lula, animando a militância. Mas abria pausas em seu discurso político para recomendar, naquele agosto de 2006, em plena polarização eleitoral, o documentário de Sergio Rezende sobre Zuzu Angel, mãe do desaparecido político Stuart Angel e morta em um acidente de carro nebuloso, em plena ditadura.

Nesses dez anos, à exceção dos meses em que esteve preso como réu na ação penal 470, a ação do "mensalão", e em sua prisão mais recente, desde agosto deste ano, na operação Lava Jato, o blog foi uma atividade diária do político Zé Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula. Zé dedicava três a quatro horas diárias para o blog. Recebia o resumo do noticiário gerado na noite anterior, lia os jornais, conversava com pessoas e escrevia. E gostava de comentar tudo. Dos fatos internacionais relevantes à repressão policial nas periferias, alguma dose de cultura e política, sempre política.

O blog, montado pelo trabalho voluntário de um grupo de amigos jornalistas, ganhou peso, expressão e se tornou leitura obrigatória de colunistas e jornalistas políticos, de políticos da base de sustentação do governo e da oposição e de milhares de militantes.

Do trabalho voluntário nos primeiros meses, o blog conseguiu se profissionalizar à medida em que Zé Dirceu consolidava sua atividade profissional. Passou a ser um site com várias sessões, onde se destacaram entrevistas históricas onde ele próprio era o entrevistador.

A primeira entrevista foi com o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo, em agosto de 2006. Naquele momento, o governo Lula havia consolidado a estabilidade da moeda, ampliado a autonomia externa do país e praticamente zerado a dívida externa do setor público. Na época, ele disse: "Não há desenvolvimento sem a radicalização da democracia. A democracia entendida como a participação das massas. Aqui, no Brasil, há muito democrata que gosta da democracia sem a participação do povo. Quando o povo começa a colocar as mangas de fora, eles começam a achar ruim. Então, essa é a mensagem da Carta e também, ao mesmo tempo em que isso avance, isso se chama consolidação do Estado Democrático de Direito Social. Não há democracia sem ampliação dos direitos sociais. Nós estamos muito atrasados nisso aí". Poderia dizer hoje, novamente.

Foram dezenas de entrevistados e entrevistadas. Alguns exemplos: Venício Artur de Lima, José Eduardo Dutra, Tânia Bacelar, Ciro Gomes, Zé de Abreu, José Eduardo Dutra, Ermínia Maricato, João Carlos Martins, Delfim Netto, Sergio Amadeu, Daniela Silva, Ligia Bahia, Mário Magalhães, Luís Nassif, Ladislau Dowbor, Nelson Barbosa. O mais recente, antes da reprisão de Dirceu, foi Guilherme Boulos, falando da necessidade de construir uma ampla mobilização social para alterar a relação de forças e impulsionar um novo ciclo de luta de massas no país.

De 2006 até dezembro de 2015 foram cerca de 14 mil posts, 2,5 milhões de leitores únicos, 17, 2 milhões de pageviews. Em todos os posts, à exceção dos períodos de sua prisão, Zé Dirceu sempre deu ritmo ao blog. Quando não escrevia, recomendava, orientava e dizia o que era para publicar.

Sem a tribuna do Parlamento, o blog foi a sua tribuna. Para defender o PT – sem abrir mão das críticas –, defender suas ideias, orientar a militância, animá-la nos momentos dos embates mais difíceis. Foi a tribuna para fazer a sua defesa na ação penal 470, na qual foi condenado sem provas sob a teoria, sacada da algibeira pelo ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, do "domínio do fato". Para fazer a sua defesa, Zé Dirceu, além da publicidade dada pelo blog, percorreu o Brasil de Norte a Sul, com recursos próprios, ganhos em suas consultorias, reunindo-se com a militância, com políticos, com formadores de opinião. Expunha seus argumentos, suas provas, pois pela mídia tradicional já tinha sido condenado muito antes de qualquer prova.

Foi para fazer sua defesa, pagar os advogados, os profissionais do blog e percorrer o Brasil, que Zé Dirceu se tornou consultor. Com sua biografia, seus contatos em vários países da América Latina e mesmo Estados Unidos e Europa, ele tinha tudo para ser um consultor bem-sucedido. Essas atividades, que envolveram também a prestação de serviços para construtoras que terminaram envolvidas na Operação Lava-Jato, levaram à sua segunda prisão.

Hoje, voltamos ao ponto onde começamos. Desde a prisão do Zé Dirceu, em novembro de 2013, o site vem sendo tocado por um grupo de amigos. Até maio deste ano, foi possível manter dois profissionais contratados, um jornalista e um assistente. De lá para cá, continua no ar graças ao trabalho voluntário. Diante da indefinição de sua situação, de não sabermos quando ele poderá ter direito novamente a se manifestar, nós, os amigos do blog, chegamos à conclusão de que sua atualização diária deve ser interrompida temporariamente.

Não é o fim de uma história. É apenas uma pausa.

E, ao fazer esta pausa, um agradecimento aos nossos leitores e aos seus milhares de comentários, para o bem e para o mal, aos nossos colunistas, aos que deram suas horas de trabalho de forma voluntária. Nos orgulhamos de ter contribuído para o debate político, sempre do ponto de vista da esquerda e da defesa das mudanças ainda necessárias para que o Brasil se torne um país à altura de sua maior riqueza: os brasileiros, as brasileiras, a maioria da população que ainda enfrenta as injustiças geradas por centenas de anos de desigualdade. E tem muitos direitos a conquistar.

O caso Dirceu - uma narrativa dentro da história

- No ultimo programa Fatos e Versões na GLOBONEWS, a jornalista Andreia Saadi comentou que os petistas não mais apoiavam o ex-presidente do PT José Dirceu porque petistas não admitem companheiros que roubam para enriquecimento pessoal. Essa narrativa passou a ser difundida pela corrente eficiente, poderosa e imbatível de mágicos da mídia que pintando versões e  elaborando  narrativas delirantes  repetidas mil vezes até virar verdade. A narrativa ofende a logica e a inteligencia mas na historia da mídia são as versões que predominam sobre a historia.

  • 1. José Dirceu tem um longa biografia a serviço de uma causa politica. A essa causa dedicou-se, arriscou a vida, foi preso, fugiu para Cuba, arriscou novamente a vida voltando ao Brasil ainda durante o regime militar, depois construiu um partido, o presidiu e o levou à vitoria. Não é uma biografia qualquer, de politiquinho de arrabalde. Fez historia real e complexa, relacionou-se com lideres da America Latina, com importantes personagens da alta politica dos Estados Unidos, entre os quais teve respeito mesmo depois da queda, tem entre grandes admiradoras a jornalista herdeira do jornal The Washington Post.

Zé Dirceu, um homem que cultiva tâmaras

Por maioria, 3 votos a 2, a Segunda Turma do STF decidiu libertar o ex-ministro José Dirceu da prisão preventiva, decretada por Moro em 2015.
A minha decepção ficou por conta de Facchin que votou pela manutenção da prisão preventiva e a surpresa foi a declaração de voto de Gilmar Mendes, que criticou as longas prisões preventivas na forma praticada pelos irresponsáveis de Curitiba, em especial do tal Deltan Dallagnol, afirmando que "Não cabe a procurador da República pressionar o STF", algumas atitudes dos procuradores poderiam ser qualificadas de brincadeira juvenil de jovens que não tiveram vivência institucional.
Fato é que Zé Dirceu incomoda os obtusos, pois se movimenta e ao movimentar-se denuncia as injustas correntes que o prenderam e podem, a qualquer momento, prender cada um de nós. 
Esse mineiro de Passa Quatro não é apenas um político brasileiro, ele é uma das personalidades mais importantes da política brasileira desde as últimas décadas do século XX e no inicio do século XXI e antes ainda sua biografia é marcada pelo heroísmo daqueles que nos anos 60 e 70 opunham-se à ditadura militar e resistiram bravamente à sua lógica.
Mas algumas reflexões são necessárias.
Conta-se que um senhor de idade avançada plantava tâmaras no deserto quando um jovem o abordou perguntando: “Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?”. O senhor virou a cabeça e, calmamente, respondeu: “Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras”. Ou seja, não importa se você vai colher, o que importa é o que você vai deixar... Cultive, construa e plante ações que não sejam apenas para você, mas que possam servir para todos e para o futuro."
Zé Dirceu é assim, nosso plantador de tâmaras. 
É "herói de uma geração", geração dos meus pais. Todos os jovens progressistas da sua geração - que hoje tem entre 60 e 80 anos - que se opuseram à ditadura militar são heróis, afinal naquele contexto aqueles muitos jovens foram presos, barbaramente torturados, outros foram expulsos do país e outros foram mortos ou simplesmente desapareceram, tudo obra de uma ditadura militar cruel, era necessário ser um herói para manter-se na oposição. E todos o respeitam, a maioria o admira e muitos o amam.
Nós, democratas de esquerda, despidos de preconceitos temos de reconhecer e render homenagens incondicionais ao jovem Zé Dirceu e mesmo que venha a ser declarado culpado por malfeitos não podemos esquecer que em terras de cegos quem tem um olho, como Zé Dirceu, é apedrejado impiedosamente.
Mas o tempo, primo irmão da verdade, haverá de esclarecer o significado de tudo isso.
Aguardo de Zé Dirceu algo parecido com os “Cadernos do Cárcere” de Antonio Gramsci, pois se “Aos oito anos, todos nós somos guerreiros. Aos quinze, todos nós somos poetas. Daí para adiante nem sempre somos alguma coisa...”, mas ele é sempre foi muito e manteve sempre no coração, na mente e na ação, o guerreiro e o poeta vivos e em movimento livre, inquieto e inspirador. Força comandante, afinal “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!”.
Me alegro só de imaginar Zé Dirceu abraçando seus filhos, esposa e  a famílias, em especial D. Olga sua mãe, a quem devemos Zé Dirceu e Luiz Eduardo seu irmão em toda sua exuberante generosidade. 
by


Pedro Maciel -
advogado sócio proprietário da Maciel Neto Advogacia, autor de "Reflexões sobre o estudo do Direito", editora Komedi 2007.
"Quem não luta pelos seus direitos, não é digno deles", Rui Barbosa